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quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Foi ela

           Numa manhã de verão caminhava na praia como de costume. O dia estava ensolarado, muitas pessoas estavam a caminhar no calçadão. A praia estava cheia, pois era domingo. Estava eu em busca de um pouco de diversão. Parei por um instante para tomar uma água de coco gelada e continuar minha caminhada. Depois de pagar ao garçom segui em direção à praia e dei um mergulho para tirar o suor de minha transpiração. Eram dez horas da manhã e o sol estava escaldante. Existia ao redor de mim um grupo de amigos que se divertiam naquele belo dia. Pareciam que não se preocupavam com nada, estavam radiantes. Comecei a observá-los e comparei-me com eles. Eu, uma pessoa monótona e infeliz em busca de um pouco de diversão, estava a caminhar na beira-mar daquela belíssima praia. Eles jovens e alegres. Acho que comemoravam algo que não sei explicar, mas estavam perceptivelmente despojados na ocasião. Fiquei chateado por estar sempre só. Não tinha muitos amigos nem saía com freqüência. No fundo tinha eu inveja daqueles garotos tão joviais. Resolvi, então, caminhar um pouco  e o fiz.
            Cheguei num banco desses que há próximo ao calçadão e sentei-me. Agora pensava no que ia fazer no dia seguinte. Ao longe observei uma mulher que passava. Não parecia que fazia esporte. Na verdade, ela saía da água quente do mar e foi em direção ao bar onde comprou um refrigerante. Ela vestia um biquíni vermelho e um short jeans. Usava um chapéu para se proteger do sol intermitente. Era alva como o dia, cabelos medianos meio cacheados. Tinha olhos e cabelos da cor de mel. Parecia ser bem séria. Percebi também que tinha as unhas bem feitas e pintadas de um vermelho apaixonante. Seus belos cabelos balançavam ao ritmo que o vento quisesse. Notei também a imensidade da beleza do seu sorriso. Tinha Boca pequena. Talvez a beleza fosse algo que lhe pertencia intrinsecamente. Era realmente muito bela. Todos ao meu redor a olharam veementemente. Olhei-a incansavelmente também e, por um momento esqueci-me da minha repugnância. Voltou do bar, e, ao voltar encarei-a tão aprofundadamente que ala se assustou. Percebi seu receio quando me olhou seriamente. Na verdade, ela queria saber por que eu a olhava tão seriamente. Fui o único que não lhe soltei uma graça. Isso não é do meu feitio.
            Perguntei então o seu nome. Respondeu Dânia. Ainda desconfiada, olhando-me imensamente, rigorosamente. Era uma menina de rosto, porém seu corpo era de uma mulher que aos dezenove anos aproveitava o domingo para banhar-se na praia. Sentamos então na areia da praia e conversamos por horas e horas. O dia passou rapidamente como num piscar de olhos. Já eram cinco da tarde e continuávamos a conversar sobre nossas vidas e ela, sempre muito educada não perguntava muito sobre mim, talvez por querer que eu falasse sem a necessidade da pergunta. E falamos dos nossos amores e desamores, alegrias e tristezas, no meu caso mais tristezas que alegrias; Falamos de música, teatro, cinema e até de arte. Foi lindo! Mas já dizia o ditado: “Não há mal que perdure, nem bem que nunca acabe” e tivemos que nos despedir, pois era tarde. Mas antes prometemo-nos que na semana seguinte nos encontraríamos ali, naquele local mágico de novo. Depois disso, ela se foi. Sumiu no calçadão e estava eu só novamente, mas agora um pouco feliz. A semana passou-se vagarosamente. Já estava apaixonado por ela e me sentia muito feliz. Como amar alguém que só se viu uma única vez? Isso é loucura, pensava eu. Não. Não era. Era um sentimento belo, grandioso e inocente. Dânia deixou-me sua marca. Queria loucamente que o domingo chegasse logo.Quando chegou o dia do encontro fui logo cedo à praia. Vale dizer que nós não tínhamos marcado uma hora específica. Só dissemo-nos que nos encontraríamos ali no mesmo lugar, Naquela areia à beira mar. Esperei a manhã e a tarde inteira, mas ela não veio. O que veio foi a frustração de um encontro que não aconteceu. Chorava eu intensamente por dentro. Tive até raiva de mim mesmo. “Dânia não vem mais”, dizia eu a mim mesmo. Engano meu. Ela veio. Já estava escuro quando chegou. Disse-me que teve problemas no trânsito por causa de um grande acidente deixando muita gente imobilizada na estrada. Minha alegria voltou. Ah! Que alívio. Ela veio! Sentamo-nos novamente naquela areia. O frio chegava com a noite. As estrelas brilhavam em nossa direção junto com a enorme lua cheia. Retomamos então as conversas interrompidas na semana anterior. Falei-lhe dos meus sentimentos e não lhe escondi absolutamente nada. Ela olhou-me meio frígida. Eu temi perdê-la para todo o sempre. Por um instante ficamos em silêncio. Ela disse-me que também pensava muito em mim. Abraçamo-nos fortemente. Floresce em mim uma sede. Sede essa que só saciava-se com seus beijos. Estremeci-me inteiramente. Fiquei como um menino diante de um brinquedo novo. Fiquei inerte. Mas ela fez tudo. Foi ela. Ela me deixou profundamente apaixonado. Então, naquele momento ardente de avassaladora paixão eu aproximei seus lábios nos meus, e, sem querer, acordei sem conhecer o gosto de sua boca. Era um sonho! Mas ela me deixou apaixonado. Apaixonado e só. Foi ela!

                                    (Autoria: Assis, Sérgio. Contos do coração)



5 comentários:

  1. Muito lindo o conto,me senti no sonho projetado,belíssimo, com requintes de detalhes,muito bom.Edilma

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  2. muito bom msm,cara!Exprimisse com palavras o que muitos sentem,sonham. Dispertou a mágica da literatura: sentir-se bem(msm sendo algo projetado). Rafael (do mega)

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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    1. continuo apaichonado mais agora pela vida haha (com "ch" mesmo)

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    2. Escuta as coleguinhas Sergio! é so bang!

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